Chamados d’além-mar
Meu avô Edmundo, em registros feitos entre 1935 e 1944: Filho de portugueses que se conheceram no Brasil — tive a sorte de conviver com eles durante um bom período de minha infância. Quando eu me entendi por gente, vovô já não tinha cabelos
Já se vão alguns anos desde que meus primos André e Thiago, filhos do irmão de meu pai, adquiriram cidadania europeia e escolheram a Europa para viver. O fato de nossos pais serem netos de portugueses, é claro, trouxe facilidades ao processo.
Thiago, o caçula do meu tio, mudou-se para Düsseldorf em função de seu trabalho como diretor de arte em uma agência de publicidade. Foi na cidade alemã, aliás, que sua primeira filha veio ao mundo. Depois de um período vivendo nos Estados Unidos (Chicago), também por injunções profissionais, recentemente ele resolveu voltar para a Alemanha. André, o primogênito, fechou, no Rio, um escritório de advocacia para dedicar-se a uma paixão: o ‘skydiving’. Rumou para Portugal com esposa e filhos, comprou apartamento por lá e, segundo diz o titio, não pensa em, tão cedo, voltar a morar no Brasil.
André e Thiago em 2 tempos: o primogênito e o caçula de meu tio Edmundo
Essa facilidade em construir uma vida em cidades tão díspares é algo que, a despeito de minha própria experiência “cigana”, continua me causando admiração. No caso dos meus primos, me pergunto até que ponto o fato de eles também terem pai militar (como eu e minha irmã) não tornou as decisões ainda mais fáceis. Meu tio é oficial superior da Marinha, atualmente, na reserva.
À esquerda: Meu pai, no 4° ano da AMAN, a caminho de São Borja (RS) ; final do curso de Cavalaria incluía partidas de polo na Argentina. Nas fotos ao lado, meu tio quando jovem oficial; navio de passagem pelo Estreito de Magalhães (Chile).
Há algum tempo experimentando a serenidade advinda de fincar raízes junto aos meus, depois de anos mudando de cidade — com mais frequência até que meus primos, enquanto titio esteve na ativa –, de repente, me vejo sondando possibilidades para algo além das fronteiras do Rio de Janeiro.
Entre mudanças tantas
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